segunda-feira, 3 de novembro de 2008

Correção Fraterna

J.M. + J.T.

Olá, pessoal!

No parágrafo 13 da Regra do Carmo, encontramos um tema bastante delicado: a correção fraterna dos irmãos. O texto diz assim:

"Assim também nos domingos ou em outros dias se for necessário, reuni-vos para tratar da observância na vida comunitária e do bem espiritual das pessoas. Nesta ocasião, corrijam-se com caridade as transgressões e as culpas que forem encontradas em algum dos irmãos".

Para compreendermos corretamente esse texto, precisamos primeiramente lembrar que os monges formavam uma comunidade muito unida, e que tudo em sua vida tinha como objetivo ao crescimento comum. Por isso a regra fala em "bem espiritual das pessoas", ou seja, crescimento espiritual de toda a comunidade. O crescimento de um frade leva ao crescimento de todos, e o pecado de um também pertence a todos: essa é a comunhão dos santos, de que São Paulo fala em suas cartas, e que rezamos no Creio.

Nós, leigos, também temos a vocação da vida em comunidade: seja nos grupos de jovens, grupos de oração, ou na comunidade paroquial. Assim, precisamos também ter essa percepção de que as falhas de um membro da comunidade acabam prejudicando ao grupo todo, e por isso precisamos ter coragem de nos corrigir uns aos outros. Mas é claro que também precisamos ter humildade de aceitar quando somos corrigidos.

Jesus dá pelo menos dois ensinamentos importantes sobre a correção. O primeiro é que antes de olhar as falhas dos outros devemos olhar para as nossas próprias. Isso é importante para que o discurso de quem corrige não seja vazio, mas tenha um sentido profundo. O outro é sobre a maneira de corrigir: Jesus diz que quando corrigimos e a pessoa não ouve, devemos buscar uma testemunha, e depois levar a situação aos anciãos. Isso é uma forma de dizer que não podemos usar a correção para humilhar ninguém ou para nos orgulhar: as testemunhas e os anciãos servem tanto para observar a postura de quem corrige como de quem ouve.

Sabemos que a correção é um verdadeiro desafio, mas precisamos dela para que nossa comunidade possa crescer. Acima de tudo, não podemos fingir que não vemos as falhas dos outros, pois seria omissão. Mas também devemos cuidar muito antes de sair por aí apontando as falhas das pessoas, pois podemos estar sendo motivamos por orgulho ou vontade de humilhar os outros. Acima de tudo, a correção deve ser motivada pela caridade e pelo desejo sincero de crescimento espiritual de nossa comunidade. Como nas outras dicas do Evangelho, a oração deve nos guiar nesse caminho, mostrando sempre como proceder em cada situação.

Que o exemplo dos monges primitivos nos ensine a perceber que ninguém caminha sozinho na vida espíritual e que somente comunidades fortes e unidas podem levar ao crescimento individual de seus membros.

Um grande abraço, e uma boa semana a todos!

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